A vida hoje em dia é tão stressante, uma azáfama em casa e uma correria fora dela.
O relógio, o monstro mandão, com toda a sua arrogância e prepotência, é incapaz de abrandar a contagem dos segundos. É um bicho hiperativo sem compaixão.
O mais gratificante desta vida rotineira e cansativa é descomprimir.
E descomprimir é deitar-me ao teu lado, nua como se fosse um ser desprovido de bens e necessitado de afecto; é receber o teu afago, os teus beijos ousados, as tuas mordidas provocatórias, o teu tesão irracional e o teu fervoroso gozo. É deitar-me ao teu lado, satisfeita como se tivesse acabado de chegar do mais saboroso banquete, ver os nossos dedos tocarem-se ao de leve, como se fossem pedaços de algodão e adormecer no teu paraíso.
Descomprimir é usufruir de momentos a dois, e como crente que sou, todos os dias rogo para que o nosso desejo perdure, na sua inigualável transcendência.